Cidadãos celebram com arte o dia da Verdade em SP e no RJ - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Segunda, 25 de Março de 2013 às 15:37

Cidadãos celebram com arte o dia da Verdade em SP e no RJ

An Jornal Peas CMYK  2A CNV participou dos atos nas duas capitais e lançou campanha sobre a data, com o mote: "O passado não pode ser modificado. Mas conhecê-lo pode mudar o nosso futuro"

A Comissão Nacional da Verdade participou ontem, em São Paulo e no Rio de Janeiro, de atos organizados pela sociedade civil e artistas para celebrar o Dia Internacional pelo Direito à Verdade sobre Graves Violações de Direitos Humanos e pela Dignidade das Vítimas, celebrado mundialmente em 24 de março e que, pela primeira vez, foi comemorado no Brasil.

A data foi oficialmente adotada pela ONU há três anos, mas a data já era comemorada em alguns países desde 1980. A celebração é uma forma de homenagear e lembrar a história do arcebispo de San Salvador, Óscar Romero, assassinado em 24 de março de 1980, por se recusar a ficar em silêncio perante a violência, os abusos e a injustiça em seu país.

Também em comemoração ao dia 24, a Comissão Nacional da Verdade lançou ontem sua nova campanha "O passado não pode ser modificado. Mas conhecê-lo pode mudar o nosso futuro". A campanha divulga os trabalhos da Comissão, mas também chama a sociedade a participar das atividades da CNV, por meio de documentos e informações sobre casos que possam ter relação com o período analisado pela CNV (1946-1988). O novo slogan também foi apresentado ontem: "Para que a nossa história se complete. De verdade".

RIO DE JANEIRO – No Rio de Janeiro o evento foi organizado pelo Coletivo RJ Memória Verdade e Justiça, Instituto Augusto Boal e contou com a participação de outras entidades de direitos humanos, como a Humanos Direitos. Pela CNV, além de Maria Rita Kehl, compareceu Rosa Cardoso.

O evento começou no chafariz da praça, com uma performance da Grande Companhia de Mystérios e Novidades e de lá os participantes seguiram para o coreto, onde ocorreu a maior parte das manifestações.

Cecília Boal, viúva do dramaturgo Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido, e responsável pela Fundação Augusto Boal, apresentou o evento: "não é de moralismo que se trata a luta pelo direito à verdade, mas trata-se, sim, de uma luta por um Estado que não cometa mais crimes contra seus cidadãos".

Aderbal Freire Filho e a atriz Clara de Andrade interpretaram trecho do livro de Augusto Boal "Milagre no Brasil" em que o autor narra diálogo que manteve, de uma cela para outra do Dops/SP, com a presa política Heleny Guariba. Ela era produtora de teatro e atriz e foi barbaramente torturada. Três meses depois de sair do presídio Tiradentes, em 1971, ela foi assassinada na Casa da Morte em Petrópolis. Até hoje não há notícias de seu corpo
Outros artistas participaram do ato. Marieta Severo leu trechos da Declaração dos Direitos Humanos, Juliana Carneiro da Cunha interpretou o depoimento de Inês Etienne Romeu, a única sobrevivente da Casa da Morte, músicos também se apresentaram.

Ana Miranda, do Coletivo RJ, interpretou a fala de Dilma Roussef no Senado, quando a presidenta era ministra da Casa Civil e foi a uma sessão da Comissão de Infra-estrutura e contou sobre a violência da ditadura e o horror da tortura ao ser questionada pelo senador Agripino Maia.

Maria Rita Kehl (CNV) discursou ao lado de Cecília Boal. Ela lembrou que era a primeira vez que a Comissão da Verdade, criada em maio de 2012, poderia celebrar a data. Segundo Maria Rita, atos como este servem para que não se esqueça que a verdade é um direito. Ela lembrou que "sob coação e violência a mentira é um direito, mas a verdade política o Estado não tem direito de esconder".

Rosa Cardoso disse que o compromisso da CNV é pelo "esclarecimento dos (casos de) desaparecidos que na verdade estão mortos, dos suicidas que na verdade foram assassinados, dos atropelados que na verdade foram mortos. É preciso revelarmos essas verdades para chegarmos à Justiça", afirmou.

O evento da tarde de ontem no Rio contou com a participação do presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, e do professor João Ricardo Dornelles, também integrante da comissão. Os deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ) e Chico Alencar (Psol-RJ) também participaram.

SÃO PAULO – Em São Paulo, o evento ocorreu na manhã de domingo e foi organizado pelo Movimento de Artistas pela Verdade São Paulo e contou com a participação da integrante da CNV Maria Rita Kehl, que, após sua participação, foi para o evento do Rio de Janeiro.

Na celebração paulistana, artistas da Cia do Latão leram o texto "As cinco dificuldades em escrever a verdade", de Bertolt Brecht. O texto foi escrito e difundido pelo poeta e dramaturgo alemão em 1934, na Alemanha Nazista. Brecht discorre sobre os cinco pontos que devem ser superados para que se alcance a verdade. São eles: ter coragem em um tempo em que todos negam a verdade; ter a inteligência de reconhecê-la; ter a arte de manejar a verdade como uma arma; ter o discernimento de escolher em que mãos a verdade pode ser proveitosa e praticar a astúcia que permite disseminar a verdade entre as pessoas capazes.

A cerimônia aconteceu em frente ao Teatro do Centro Universitário da USP, na rua Maria Antônia. A rua é a mesma onde, em outubro de 1968, foi travada a batalha envolvendo estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que funcionava no local à época, e do Mackenzie, até hoje instalado na mesma rua e que abrigava, na ocasião, alguns integrantes do Comando de Caça aos Comunistas, organização de extrema direita. No confronto, um estudante de segundo grau de uma escola vizinha foi morto por uma bala perdida e o prédio da USP, queimado.

Leia o artigo "Juntando as peças da verdade", de Pedro Pontual e Ricardo de Lins e Horta, da Secretaria Executiva da CNV, sobre o Dia Internacional pelo Direito à Verdade.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
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