Terça, 06 de Novembro de 2012 às 10:53

Familiares de Anísio Teixeira entregam documentos à CNV e à Comissão de Memória e Verdade da UnB e pedem que morte do reitor seja investigada

Durante o evento, Comissão Nacional da Verdade e a Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira assinaram termo de cooperação

A Comissão Nacional da Verdade recebeu na manhã de hoje, das mãos do filho de Anísio Teixeira, Carlos Teixeira, documentos levantados pelos familiares do educador e reitor da Universidade de Brasília cassado em 1964 pelo regime militar que apontam incoerências nas investigações apresentadas pela polícia do Rio de Janeiro a respeito das circunstâncias da morte do educador. Anísio foi encontrado morto em 13 de março de 1971 no fosso do elevador do prédio do amigo Aurélio Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro, e até hoje há dúvidas sobre o caso.

Os documentos foram entregues à CNV e à Comissão da Verdade da UnB durante audiência pública com a temática Anísio Teixeira, realizada no auditório do memorial Darcy Ribeiro, parceiro de Anísio na concepção e fundação da Universidade de Brasília.

Carlos Teixeira contou que a família sempre desconfiou das hipóteses de acidente ou suicídio, já que a posição do corpo de Anísio não condizia com a posição esperada em casos de queda. Além disso, duas vigas que ficavam entre a porta do elevador e o fundo do fosso, com distância de pouco mais um palmo entre si, deveriam ter impedido a passagem do corpo. "A polícia chegou a nos dizer, informalmente, que não tinha como ter sido acidente, mas a linha de investigação que eles queriam seguir também não era a de crime político, porque naquela época isso estava totalmente impedido", afirmou. Os familiares suspeitam que Anísio tenha sido assassinado e colocado no local onde foi encontrado.

O filho de Anísio ressaltou ainda a importância do trabalho de uma comissão nacional que analise casos de mortes em circunstâncias não esclarecidas e pediu que a Comissão Nacional da Verdade investigue a morte de Anísio. "Esperamos que a Comissão da Verdade, através de caminhos mais abertos para ter acesso a informações que não tivemos, consiga chegar a algum resultado".

AUDIÊNCIA - Estiveram presentes na audiência os membros da CNV Cláudio Fonteles e Paulo Sérgio Pinheiro, acompanhados de Carlos Teixeira, Haroldo Lima, sobrinho de Anísio, Roberto Aguiar, coordenador da Comissão da Verdade da UnB, e José Geraldo de Sousa Júnior, reitor da Universidade de Brasília.

No início do evento foi exibido um documentário que narrou a trajetória de Anísio e os projetos inovadores de educação implementados por ele, como o da Escola Parque. Em seguida, José Geraldo reforçou a importância da instalação de comissões da verdade em instituições que passaram pela repressão: "a reeducação das próprias instituições é importante para que elas não neguem essa realidade. Isso (repressão) pode ser anistiado, mas não pode ser esquecido, não pode ser reparado".

Claudio Fonteles, coordenador da Comissão Nacional da Verdade, destacou que o papel da CNV, através das parcerias que estabelece com diversos setores da sociedade civil, é garantir que a sociedade brasileira forme uma rede protetora da democracia. "O que nós realmente precisamos crer, acreditar, é que cada um de nós aqui é defensor da democracia, para que as gerações presentes e futuras nunca mais pensem que a solução das nossas diferenças descambem para a tortura, a morte, a violência, o desaparecimento."

Paulo Sérgio Pinheiro, membro da CNV, destacou que o trabalho da comissão é justamente o de investigar as circunstâncias em que a morte, tortura ou desaparecimentos de pessoas contrárias ao regime ocorreram. "Nossa responsabilidade é a de nomear as responsabilidades e indicar as circunstâncias, e, nesse caso, a lei da anistia não ajuda nem atrapalha."

Durante a audiência os estudantes Ieda Santos, Honestino Guimarães e Paulo de Tarso, desaparecidos durante o regime militar, também foram lembrados e homenageados.

COOPERAÇÃO - Também durante o evento, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira assinaram termo de cooperação que define as condições da parceria entre os dois grupos, o que permitirá agilizar a obtenção de informações necessárias a casos como o de Teixeira.
 

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
Mais informações à imprensa: Lívia Mota e Marcelo Oliveira
(61) 3313-7324 | O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Acompanhe a CNV nas redes sociais: Facebook, Twitter e Youtube.