Quinta, 08 de Novembro de 2012 às 10:55

Comissão Nacional da Verdade define prioridades do grupo de trabalho que investigará o papel das igrejas na ditadura

Grupo já definiu que será necessário ouvir vítimas e testemunhas desse período e produzirá um relatório objetivo sobre o papel das igrejas tanto no apoio ao golpe e na repressão quanto na redemocratização do país

A Comissão Nacional da Verdade realizou hoje no Gabinete da Presidência da República em São Paulo a primeira reunião de seu mais novo grupo de trabalho, que investiga o papel das igrejas de denominação cristã (católicas e protestantes) na ditadura.

O grupo se debruçará tanto na apuração do papel de religiosos e igrejas no apoio ao golpe militar, quanto sobre a ação de grupos que sustentaram ações fundamentais para a volta do país à democracia, como o movimento do qual participaram o futuro cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e o bispo luterano Jaime Wright, que resultou no relatório/livro "Brasil: Nunca Mais".

"Queremos mostrar tanto atos de resistência de setores da igreja, quanto o sofrimento de vítimas, as perseguições sofridas por alguns fiéis e a colaboração/adesão de alguns grupos religiosos ao regime militar, especialmente pouco antes e nos primeiros anos após o golpe", afirmou Paulo Sérgio Pinheiro, membro da Comissão Nacional da Verdade e coordenador do grupo.

A criação do GT surgiu por demanda da sociedade civil durante audiências públicas realizadas pela Comissão Nacional da Verdade que, posteriormente, colheu em São Paulo o depoimento de Anivaldo Padilha, jornalista que era diretor do departamento nacional da juventude da Igreja Metodista. Preso em fevereiro de 1970, Padilha foi torturado e, após obter liberdade, acabou se exilando por oito anos nos EUA.

Membro da organização Ação Popular (AP), de oposição ao regime militar, Padilha descobriu em arquivos públicos, após a redemocratização, que havia sido denunciado por um pastor e um bispo de sua igreja. "Fui denunciado pelas ações de conscientização que desenvolvia na Igreja e não por minha atuação no movimento. Os pastores nem sabiam que eu era da AP", afirmou.

Hoje, além de Padilha, a Comissão recebeu sete pesquisadores de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro que relataram seus estudos em torno do tema e indicaram possíveis linhas de pesquisa e identificaram casos emblemáticos para a comissão trabalhar.

O grupo reúne teólogos de diferentes matizes cristãs, todos especialistas em diferentes temas, como história oral, sociologia e ciências da religião. Há entre os pesquisadores, padre e pastores membros das igrejas católica, metodista, batista, luterana e presbiteriana. Há no grupo vários representantes do movimento ecumênico.

Estão previstas novas reuniões, a colheita de depoimentos e a adesão de mais pesquisadores ao GT.

 

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
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