Quinta, 14 de Março de 2013 às 16:05

CNV participa de homenagem à Alexandre Vannucchi Leme em SP

Na sessão será reconhecida a condição de anistiado político do estudante da USP morto há 40 anos sob tortura; no evento, CNV entregará à família Herzog nova certidão de óbito do jornalista

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, e as integrantes da CNV Rosa Cardoso e Maria Rita Kehl, participam amanhã, dia 15, ao meio-dia, da cerimônia "40 anos depois Alexandre vive!". A sessão é promovida pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e por várias entidades de Direitos Humanos e ocorrerá no Instituto de Geociências da USP, em São Paulo.

Na ocasião, será reconhecida a condição de Alexandre Vannucchi Leme como anistiado político e promovido um julgamento simbólico do caso do estudante, seguido de um pedido oficial de desculpas. Quartanista de geologia da USP, Vannucchi Leme militava na Ação Libertadora Nacional (ALN) e tinha 22 anos. Ele foi preso em 16 de março de 1973 por agentes do Doi-Codi-SP e barbaramente torturado.

No dia seguinte, segundo nove presos testemunharam, o corpo de Alexandre foi encontrado na cela onde ele estava preso e arrastado para o lado de fora. As testemunhas viram que ele sangrava abundantemente na região do abdome. Dias depois, em 23 de março, a repressão divulgou uma falsa versão de que Vannucchi Leme havia sido atropelado na rua Bresser, na Mooca, ao tentar fugir da prisão.

NOVA CERTIDÃO DE ÓBITO – Após as homenagens à Vannucchi Leme, a família Herzog receberá da Comissão Nacional da Verdade o novo atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura no Doi-Codi de São Paulo em 1975. Também participa do ato Marco Antônio Rodrigues Barbosa, da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, advogado da família.

No novo documento passará a constar como causa da morte "lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do 2º Exército (DOI-Codi)", o que substitui formalmente a versão de "asfixia mecânica",  divulgada pela ditadura, em 1975.

A mudança foi requerida pela Comissão Nacional da Verdade em agosto passado, após um requerimento da família Herzog. Em setembro, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, deferiu o pedido, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo recorreu, pedindo a reforma parcial da decisão. Em dezembro, o corregedor-geral do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini, rejeitou o recurso e definiu o caso a favor da CNV e da família Herzog. A nova certidão foi emitida e agora será entregue à família em ato público.

"Trata-se de uma conquista que abre caminho para outras famílias conseguirem um novo atestado de óbito de familiares que foram torturados. É a confirmação de que o Estado civil brasileiro reconhece suas falhas históricas", afirmou Ivo Herzog, filho de Vlado.

MISSA - Após a cerimônia na USP, será realizada uma missa na Catedral da Sé, às 18h, em homenagem a Alexandre Vannucchi Leme. A celebração será presidida por Dom Angélico Sândalo Bernardino. 40 anos atrás também foi rezada uma missa para Leme na Catedral da Sé por Dom Paulo Evaristo Arns. Apesar da repressão política, a celebração religiosa conseguiu reunir 3000 pessoas.

SERVIÇO:

O quê: Reconhecimento da condição de anistiado de Alexandre Vannucchi Leme e entrega da nova certidão de óbito de Vladimir Herzog
Local: Instituto de Geociências da USP
Endereço: Rua do Lago, nº 562 – Cidade Universitária – São Paulo
Quando: 15 de março de 2013
Horário: 12h

O quê: Missa em homenagem a Alexandre Vannucchi Leme
Local: Catedral da Sé
Endereço: Praça da Sé – São Paulo – SP
Quando: 15 de março de 2013
Horário: 18h

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
(61) 3313-7324 | O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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