Sexta, 01 de Agosto de 2014 às 18:45

CNV conclui jornada de depoimentos no Rio e Brasília

Editadas-ColetivaSérie terminou hoje com o depoimento de três militares e o lançamento de um sistema para receber sugestões de recomendações do relatório final

A Comissão Nacional da Verdade colheu 23 dos 38 depoimentos previstos para a jornada de duas semanas de depoimentos iniciada no dia 21 de julho, em Brasília, e concluída hoje, 1º de agosto, no Rio de Janeiro.

Dos 38 depoimentos previstos, 36 eram de agentes da repressão convocados para depor. Destes, 21 compareceram. Os outros dois depoimentos foram de vítimas que se ofereceram para contar episódios de graves violações de direitos humanos.

Quatro depoimentos previstos para a jornada foram reagendados para este mês de agosto. Outros sete agentes não compareceram por motivo de doença ou viagem. Dois convocados não foram localizados pela Polícia Federal, que realiza as intimações. Outros dois convocados morreram antes da intimação e a informação não constava nos sistemas federais de dados.

RECOMENDAÇÕES –Além do balanço da jornada de duas semanas de depoimentos, os membros da CNV anunciaram, em entrevista coletiva, a criação de um formulário para o recebimento de sugestões para o capítulo das recomendações do relatório final, que será apresentado em 10 de dezembro. 

Além de apurar as circunstâncias das graves violações de direitos humanos ocorridas no país entre 1946 e 1988, a CNV tem o papel de recomendar ao Estado e à sociedade brasileira mudanças de legislação, regulamentos e instituições com o intuito de fortalecer o regime democrático e evitar a repetição de graves violações de direitos humanos.

"O processo é importante para incorporar a percepção da sociedade ao relatório da CNV", afirmou o coordenador da Comissão, Pedro Dallari. "Esperamos ter nesse período uma participação grande da sociedade, pensando esses temas conosco, mandando suas reflexões e suas propostas",afirmou a advogada Rosa Cardoso, integrante da CNV.

A coleta de sugestões estará ativa no site da CNV (www.cnv.gov.br) de 11 de agosto, dia da Justiça, até 30 de setembro. Nestes pouco mais de 45 dias, os cidadãos poderão dar sua opinião.

VOOS PARA O CHILE – Na manhã de hoje, último dia da jornada, destacou-se o depoimento do brigadeiro reformado Zilson Cunha, que ajudou a elucidar aspectos das missões entre o Brasil e o Chile que realizou, como piloto, lotado no gabinete do ministro da Aeronáutica, pouco antes e logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, que derrubou o governo de Salvador Allende.

Após o golpe, cerca de 100 brasileiros estiveram presos no Estádio Nacional do Chile e o depoimento, na avaliação do membro da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro, ajuda a elucidar como foram levados para aquele país agentes da repressão brasileiros que prenderam, torturam e mataram refugiados políticos do Brasil que viviam naquele país até então.

O ex-capitão do Exército Celso Lauria, apontado em depoimento como um dos autores das torturas que resultaram na morte do integrante da VAR-Palmares Chael Charles Schreier, durante interrogatório na 1ºCompanhia de Polícia do Exército da Vila Militar do Rio, negou-se a responder as questões da CNV.

Já o sargento reformado da Aeronáutica Luciano José Marinho de Melo negou conhecer agentes do Cisa e graves violações de direitos humanos ocorridas na Base Aérea do Galeão. Ele afirmou que era motorista do ministro da Aeronáutica. Admitiu, entretanto, que levou uma presa política até um cartório de registro civil para a elaboração da certidão de nascimento do filho que ela teve enquanto esteve presa na Base Aérea. "Para mim, ela era filha ou parente de um oficial", afirmou.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

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