CNV divulga resultado de perícias sobre o caso Stuart Angel e de mais dois desaparecidos no Rio
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Novidades podem ajudar a localizar restos mortais de Angel, Joel Vasconcelos Santos e Paulo Torres Gonçalves
A Comissão Nacional da Verdade divulgou hoje em Brasília o resultado de perícias a respeito do provável local de sepultamento de três presos políticos desaparecidos no Rio de Janeiro.
As perícias trazem resultados relativos aos casos de Joel Vasconcelos Santos, Paulo Torres Gonçalves e Stuart Angel Jones.
O CASO JOEL - O caso de Joel Vasconcelos Santos foi concluído nesta segunda-feira (8/12) pela CNV. Militante do PCdoB e integrante da União da Juventude Patriótica (UJP), ele desapareceu aos 21 anos, após ser preso no Morro do Borel, no Rio de Janeiro.
Joel foi preso com Antônio Carlos de Oliveira e Silva em março de 1971 por policiais militares e do morro foram levados até um quartel da PM. Da PM, ambos foram levados para a Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, no Rio, onde foram presos e torturados pelo Doi-Codi, onde Joel foi barbaramente torturado, segundo relato de Silva.
Pesquisas em fichas datiloscópicas e em outros documentos relacionados a pessoas sepultadas como indigentes realizadas pela CNV no Instituto Félix Pacheco e no IML, no Rio de Janeiro, propiciaram a realização de laudo de perícia necropapiloscópica, assinado pelo papiloscopista Rosenberg Mathias Barros, no último dia 8, que identificou as digitais de Joel Vasconcelos Santos como sendo as digitais de um homem que foi recolhido ao IML em 19 de março de 1971, com a guia de número 206 da 4ª DP.
O dado do exame foi cruzado com o laudo necroscópico de um homem negro, não-identificado, que teria sido, segundo a versão oficial, atropelado na praça da República e recolhido ao Hospital Souza Aguiar, onde teria entrado às 21h27, de 19 de março de 1971. A vítima foi sepultada como indigente no Cemitério Ricardo de Albuquerque, no bairro de mesmo nome, na zona norte do Rio.
Leia o laudo papiloscópico de Joel
O CASO PAULO TORRES - Paulo Torres Gonçalves desapareceu após sair de sua casa para ir ao colégio no dia 26 de março de 1969. Ele tinha 19 anos. Ao perceberem o desaparecimento de Paulo, seus pais foram à sua procura em delegacias, hospitais e ao Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, sem obter informação alguma.
Depois, a família obteve a informação que Paulo havia sido preso pelo DOPS do antigo Estado da Guanabara, de onde ele teria sido transferido para a Marinha.
Pesquisas da CNV em fichas datiloscópicas, assim como em outros documentos relacionados a pessoas sepultadas como indigentes, realizados no Instituto de Identificação Félix Pacheco e no IML do Rio de Janeiro, propiciaram a realização de laudo de perícia necropapiloscópica, assinado pelo papiloscopista Reinaldo José de Oliveira Tavares, em 3 de dezembro de 2014, que identificou as digitais de Paulo Roberto Torres Gonçalves como sendo as digitais de um homem sepultado como indigente no cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, em 16 de abril de 1969.
As digitais de Paulo Torres Gonçalves correspondem àquelas de um que jovem dera entrada no IML com guia número 62 da 17ª DP em 28 de março de 1969.
Leia o laudo papiloscópico de Paulo
OSSADA ENCONTRADA EM 1976 PODE SER DE STUART ANGEL – O núcleo pericial da Comissão Nacional da Verdade investiga o caso Stuart Angel desde outubro de 2013. Na ocasião, a CNV já detinha a informação apresentada no relatório parcial de pesquisa da CNV sobre o caso Stuart Angel, publicado em junho de 2014, que o militante, assassinado por agentes da Aeronáutica, sob tortura, em maio de 1971, aos 26 anos, havia sido enterrado na cabeceira da pista da Base Aérea de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, conforme depoimento do capitão reformado Álvaro Moreira à CNV.
De posse dessa informação, os peritos da CNV descobriram que a base passou por uma ampla reforma em 1976. Os peritos da CNV procuraram a Polícia Civil e pesquisaram a existência de ocorrências policiais de encontro de cadáver próximo das obras na base ou em outras obras realizadas pela construtora Cetenco, empreiteira contratada para a reforma da Base de Santa Cruz.
No acervo fotográfico da Polícia Civil foi encontrada a nova prova. Num canteiro de obras da Cetenco no centro do Rio foram localizados uma ossada com um crânio quase completo. As fotos dos ossos encontrados na obra foram submetidas a exames de análise comparativa craniofacial no Centro de Ciências Forenses da Universidade de Northumbria em Newcastle, Inglaterra, e pela equipe do legista Marco Aurélio Guimarães no Centro de Medicina Legal da USP – Ribeirão Preto.
Os exames compararam fotos do rosto de Stuart Angel com a foto do crânio encontrado no canteiro de obras. E ambos exames concluíram que o crânio localizado pode ser do desaparecido político, não havendo elementos de exclusão da possibilidade de que a foto seja dos ossos da cabeça da vítima.
Veja o laudo feito pela Universidade de Northumbria
Veja a apresentação exibida hoje pelos peritos da Comissão Nacional da Verdade
Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
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