Comissão Nacional da Verdade apura apoio de empresas ao golpe e a repressão - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Terça, 04 de Fevereiro de 2014 às 15:43

Comissão Nacional da Verdade apura apoio de empresas ao golpe e a repressão

IMG 9628 editadaA Comissão Nacional da Verdade investiga a participação civil no golpe militar de 1964 e na ditadura que se impôs após a quebra da ordem constitucional. Uma das formas de investigar isso é saber quais empresas apoiaram financeiramente o golpe e, posteriormente, apoiaram a repressão, divulgando informações sobre seus funcionários para os agentes da ditadura.

"Sabemos que os trabalhadores como um todo sofreram com a ação da ditadura que redobrou a exploração de classe, visando acelerar a acumulação capitalista. Neste sentido os empresários solicitaram o uso da violência pelos agentes públicos contra a classe trabalhadora. A CNV tem um trabalho importante, que é apurar a participação civil no golpe, a participação das empresas no financiamento da ditadura e na repressão dos trabalhadores. Precisa construir a questão de como deve ser cobrada a reparação das empresas aos trabalhadores. Estamos lutando por tudo isto e vamos lutar mais", afirmou a advogada Rosa Cardoso, que coordena as pesquisas da CNV sobre o Golpe de 64 e o grupo de trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical.

A declaração de Rosa ocorreu neste sábado (01/02), no ato sindical organizado por representantes das dez centrais sindicais que integram o Coletivo Sindical de Apoio ao Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical da Comissão Nacional da Verdade, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC.

O ato sindical "Unidos, Jamais Vencidos" foi uma homenagem das centrais sindicais aos mais de 400 trabalhadores e sindicalistas da Grande SP vítimas do regime militar e das empresas colaboradoras do regime durante a ditadura, que receberam diplomas lembrando sua luta contra a repressão. Também foi homenageado o ex-presidente João Goulart pela luta em prol dos trabalhadores. A homenagem foi recebida por João Vicente Goulart, filho de Jango.

Durante o evento, os representantes das centrais pediram punição aos agentes da repressão responsáveis pelas graves violações de direitos humanos ocorridas na ditadura, a desmilitarização da Polícia Militar, o fim da criminalização dos movimentos sociais e a responsabilização de empresas que colaboraram com o regime e denunciaram trabalhadores militantes e financiaram o golpe e ações repressivas.

A fala de Luiz Carlos Prates, o Mancha, representante da CSP-Conlutas, ex-funcionário da Monark, que possui documentos que indicam que ele foi delatado para a repressão pela empresa em que trabalhava, foi uma das que explicitou a reivindicação dos trabalhadores vítimas da ditadura.

"Essas empresas tem que ir para os bancos dos réus e também indenizar os trabalhadores. As sequelas que a ditadura deixou não são apenas na nossa memória. A estrutura que eles montaram, com apoio das empresas, em parte está intacta e faz parte do trabalho da Comissão Nacional da Verdade, em suas recomendações, acabar com essa estrutura que permite que a Lei de Segurança Nacional ainda seja usada pelo Estado contra os manifestantes que exigem as mudanças nas ruas", disse.

GREVES E INFILTRAÇÃO - O papel das greves de trabalhadores organizadas a partir do ABC desde os anos 70 esteve presente na fala de quase todos os porta-vozes. O ex-líder metalúrgico e ex-deputado federal Djalma Bom, que, junto com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, liderou as greves realizadas a partir do final dos anos 70 no ABC, que contribuíram para a abertura política e o processo de redemocratização do país, lembrou com detalhes da repressão e dos agentes infiltrados na empresa em que trabalhava, a Mercedes.

"Com helicópteros e brucutus eles tentaram impedir o 1º de maio na praça da Matriz, em São Bernardo. Nesse momento, nós estávamos presos, enquadrados na Lei de Segurança Nacional, ouvindo o noticiário sobre os trabalhadores de São Bernardo e diadema e a PF e o Dops tentando cercear o direito à livre manifestação, mas os trabalhadores não se intimidaram e saíram em passeata da praça até o estádio da Vila Euclides", contou.

Quando preso, Bom notou que alguns de seus colegas nos piquetes eram agentes da Polícia Federal infiltrados na empresa em que trabalhava, com carteiras de trabalho "esquentadas" com ajuda das empresas. "Quando os vimos, os reconhecemos e eles disseram: 'aqui é outro caso, aqui vocês são os nossos presos'", contou.

O coletivo de apoio ao GT Trabalhadores é formado por representantes de dez centrais sindicais: CUT, Força Sindical, CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, Intersindical Central, Intersindical, Nova Central e UGT.

O ato sindical lotou completamente o Teatro Cacilda Becker e foi transmitido ao vivo pela TVT e contou com a presença de autoridades, como o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, os deputados federais Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ex-presidente da CUT, e Devanir Ribeiro, e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva", deputado estadual Adriano Diogo, além de vereadores de vários municípios do ABC.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
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