CNV acredita que caso da bomba da OAB possa ser solucionado - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Terça, 27 de Agosto de 2013 às 19:35

CNV acredita que caso da bomba da OAB possa ser solucionado

Para Rosa Cardoso, cooperação entre a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da Verdade do Rio será decisiva para desvendar episódio; CEV-RJ pede a reabertura do caso

A Comissão Nacional da Verdade, a Comissão Estadual do Rio de Janeiro e a Ordem dos Advogados do Brasil realizaram hoje de manhã na Faculdade de Direito da PUC-RJ uma audiência pública em homenagem aos 33 anos de falecimento de dona Lyda Monteiro, secretária da OAB que morreu ao abrir uma carta-bomba endereçada ao ex-presidente da OAB carioca, Seabra Fagundes.

O atentado, ocorrido há exatos 33 anos, até hoje não foi totalmente esclarecido pelas autoridades. Investigações, contudo, apontam que o caso pode ter ligação com o mesmo grupo dentro do Exército envolvido com a bomba do Riocentro, ligado à linha-dura da repressão, representada pelo SNI e o Doi-Codi do RJ, cujos integrantes não se conformavam com o início da abertura política proporcionada pela Lei de Anistia, aprovada no ano anterior.

Durante o evento, que lotou um dos auditórios da Faculdade de Direito da Pontíficia Universidade Católica (PUC) do Rio, Rosa Cardoso, membro da CNV, afirmou que a concentração de esforços em casos específicos e uma forte parceria entre a Comissão Nacional e a Comissão Estadual da Verdade podem ser decisivos para elucidar o caso da bomba da OAB. "Assim, acho que no caso da Dona Lyda conseguiremos descobrir quem foram os assassinos", afirmou.

DEPOIMENTOS - Seabra Fagundes, alvo do atentado, prestou uma homenagem à Lyda Monteiro e lembrou detalhes do dia que marcou sua vida. Para o advogado, a OAB era uma das entidades mais atuantes na luta contra o governo ditatorial, e exatamente por isso sofreu tantas represálias.

"Pouco antes daquele episódio tenebroso, a Ordem ficou sabendo que havia ossadas em Goiás, descobertas num terreno baldio. Familiares de perseguidos políticos tinham certeza de que eram as ossadas de seus parentes e amigos. Fomos até lá, entrevistamos autoridades, a imprensa noticiou, e aquilo obviamente causou um certo mal-estar. Coincidência ou não, poucos dias depois a bomba explodiu. Haverá uma relação de causa e efeito? Talvez sim, talvez não", questionou Seabra.

Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio, ressaltou que a entidade quer reabrir o caso. "O inquérito que conduziu as investigações acerca da bomba endereçada ao Seabra Fagundes é uma farsa. Isso não é nenhuma novidade, isso já se dizia em plena Ditadura (...) mas agora eu não tenho a menor dúvida de que esse inquérito foi conduzido pelo SNI [Serviço Nacional de Informação] e pelo DOI-Codi [Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna]", afirmou.

Luiz Felippe Dias, filho de Lyda, também prestou sua homenagem à mãe e denunciou o que chamou de "pragmatismo sem ética" da política brasileira. Segundo Felippe, o atentado não foi investigado por causa de uma série de acordos e concessões em virtude das eleições de 82.

"Partidos políticos fizeram acordos com o governo para deixar de lado o atentado e garantir as eleições de 1982", afirmou. Emocionado, ressaltou a importância dos trabalhos da Comissão e agradeceu o apoio que tem encontrado. "Quero dizer que pela primeira vez eu me sinto sem a responsabilidade que caiu sobre mim a vida inteira. A vida inteira eu fui vítima e investigador. Vítima e advogado. E não tem coisa pior, Doutor Seabra deve saber, do que advogar em causa própria. E agora isso mudou", desabafou.

O jornalista Chico Otávio traçou um panorama político da época. Segundo o repórter, é necessário entender a trajetória histórica que levou não só ao atentado na OAB como também ao atentado do Riocentro e uma série de outros atos de terrorismo perpetrados por agentes do Estado. "Tudo começa em 68, 69, com o início da chamada guerra suja. Sob a batuta do General Milton Tavares de Souza, chefe do Centro de Informações do Exército, foi dado início um dos períodos mais bárbaros da história do país, com torturas, mortes e desaparecimentos. Em quatro anos, pode-se dizer que a luta armada da esquerda foi praticamente exterminada", recorda.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

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