Comissão da Verdade de SP mostra pesquisa sobre estrutura da repressão - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Sexta, 20 de Setembro de 2013 às 18:10

Comissão da Verdade de SP mostra pesquisa sobre estrutura da repressão

 

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A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva (SP) apresentou hoje em São Paulo, durante audiência pública conjunta com a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, suas primeiras conclusões, a partir de informações colhidas em documentos oficiais produzidos pela ditadura, sobre o sistema de repressão política.

Para Ivan Seixas, coordenador da Comissão da Verdade Rubens Paiva, os documentos demonstram que o Sistema Nacional de Informações (SISNI), como era denominado o conjunto dos órgãos de informação, capitaneados pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) se reportava diretamente à Presidência da República.

O SISNI, além do SNI, reunia as seções de informação do Estado-Maior das Forças Armadas e de cada um dos ministérios militares (CIE, do Exército; Cenimar, da Marinha e CISA, da Aeronáutica) e dos ministérios civis da época (Agricultura, Interior, Justiça, por exemplo), que mantinham as DSI´s (divisões de segurança de informações) e as ASI´s (assessoria de segurança de informações).

Também fazia parte do organograma do SISNI (foto), o Ciex, o serviço de informações do Ministério do Exterior, que monitorava brasileiros exilados e as comunidades complementares de informações.

As comunidades complementares de informações incluíam em seu plantel órgãos de informação estaduais, municipais e "entidades privadas selecionadas". Para Seixas, isso explica a colaboração civil com a repressão e o surgimento de nomes de representantes de empresas, por exemplo, no livro de entrada do DOPS-SP.

"Não era porão da ditadura, era uma estrutura, que não parava no sargento, mas que ía até o presidente e a ele se reportava. Hoje a gente consegue provar que a estrutura era planejada. Nada era por acaso", afirmou. "Muitas pessoas criaram essa noção de porões da ditadura, como se fosse uma coisa sem controle escondida, mas havia diretriz para torturar, assassinar e desaparecer", afirmou.

"O conjunto de documentos que nós vamos conhecendo, e o conjunto de depoimentos que colhemos, nos ajudam a ter uma visão mais clara e a desfazer certos mitos, como, por exemplo, o de que o golpe foi feito para salvar a democracia. O golpe foi planejado e executado por cerca de 400 militares que, desde a década de 50, seja nos estudos da Escola Superior de Guerra, no Ipes ou no Ibad, para impor um estado de segurança nacional, militarizado, para construir uma máquina de guerra antirrevolucionária. Foi apresentado aqui hoje o organograma da cadeia de repressão e agora é preciso complementá-lo com os nomes, o que mostra que temos muito trabalho pela frente", afirmou Rosa Cardoso, integrante da CNV.

"A partir de agora vamos intensificar as audiências com documentos, para mostrar que nada foi por acaso, que não era atividade clandestina, marginal, de alguns agentes, mas que as ordens vinham direto do gabinete da Presidência da República. As pessoas que vieram comandar os Doi-Codis, antes de serem oficiais de alta-patente, pertenciam ao núcleo de oficiais ligados ao Golbery (do Couto e Silva), eram de confiança e foram assumindo postos de comando", afirmou Adriano Diogo, presidente da Comissão Rubens Paiva.

UNIVERSIDADES - Seixas mostrou um documento da agência especial de segurança e informação da USP (AESI-USP), obtido no acervo do DOPS, no Arquivo do Estado de São Paulo, que comprova que as universidades colaboravam com a repressão. No documento, a seção de informação comunica a DSI do Ministério da Educação e outros órgãos de informação sobre a Semana de Direitos Humanos, organizada em 1975, e informa as entidades organizadoras e os nomes dos professores envolvidos, entre eles Dalmo de Abreu Dallari.

"Esse lado civil da repressão, essa comunidade complementar, como diz o documento, para mim é o principal", afirmou Gilberto Natalini, da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara de Vereadores de São Paulo.

Veja aqui a apresentação realizada hoje pela Comissão da Verdade Rubens Paiva.

Comissão Nacional da Verdade

Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
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