CNV e MPF-GO ouvem ex-capitão da PM sobre sepultamento clandestino de militantes da Molipo - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Segunda, 23 de Setembro de 2013 às 15:31

CNV e MPF-GO ouvem ex-capitão da PM sobre sepultamento clandestino de militantes da Molipo

epaminondas depoeA Comissão Nacional da Verdade (CNV) e o Ministério Público Federal (MPF) em Rio Verde (GO) estiveram nessa última sexta-feira, 20, na cidade de Alvorada do Norte, Goiás, para colher o depoimento de Epaminondas Pereira do Nascimento, 84 anos, capitão da PM que exercia a função de delegado de polícia em Rio Verde em 1973, ano em que Maria Augusta Thomaz e Márcio Beck Machado foram executados a tiros de metralhadora.

O depoimento foi colhido na sede do Ministério Público estadual da cidade e dá continuidade às investigações sobre o caso das mortes e ocultação de cadáveres de Maria Augusta Thomaz e Márcio Beck Machado. Ambos eram militantes do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e foram executados e sepultados clandestinamente por agentes da repressão na Fazenda Rio Doce, em Rio Verde-GO.

O capitão Epaminondas ou "Capinondas", como ainda é conhecido na região, já havia prestado depoimentos em 1981 e 1985 que foram considerados contraditórios. Em 1985, citou o AI-5 e a Lei de Segurança Nacional para justificar porque havia mentido nos autos do inquérito, em 1981. Ontem, quando ouvido gerente de projetos do GT Mortos e Desaparecidos, da Comissão Nacional da verdade, Daniel Lerner, e pelo Procurador da República em Rio Verde, Wilson Rocha Assis, na presença dos Assessores da CNV, André Vilaron e Suellen Maciel, o capitão não conseguiu explicar sua participação no caso.

Documento confidencial do SNI localizado pela Comissão Nacional da Verdade, além de diversos depoimentos de testemunhas-chave do caso, como os do dono da Fazenda Rio Doce, Sebastião Cabral e do caseiro da propriedade, Eurípedes João da Silva, apontam que foi de Epaminondas do Nascimento a ordem para que os corpos fossem sepultados clandestinamente na própria fazenda. Quando confrontado, o capitão, mais uma vez, não soube se explicar. "Estive lá e vi os cadáveres", ficando, segundo ele, entretido com a horta cultivada pelo casal assassinado.

Ainda em seu depoimento, Epaminondas enfatiza que foi chamado ao local da barbárie pelo coronel João Pinheiro e que até aquele momento não sabia do que se tratava. Ao chegar à fazenda Rio Doce, notou a presença de agentes do Exército em trajes de civis, todos com armamentos pesados, além da presença da Polícia Federal e Civil. Afirma também que, ao se despedir do local do crime, o comandante da operação disse que se houvesse algum problema, ele, Epaminondas, deveria acionar o 2° Exército, confirmando que a operação tinha âmbito nacional e que foi comandada pela equipe de São Paulo, com monitoramento e apoio das forças de repressão do Goiás.

O capitão construiu uma trajetória na polícia militar marcada por sua truculência e "braveza", que também foi ressaltada pelo seu colega, o Capitão Médico Vicente Guerra, responsável pelo laudo médico do assassinato, em depoimento ao MPF e à CNV na última terça-feira (17), em Rio Verde. Em suas declarações, Epaminondas enfatizou que houve época em que o governador do Estado ligava diretamente para ele para saber da "agitação" em sua região e que é, até hoje, uma pessoa com "muitos amigos".

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira e Marina Sabioni
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