Mortes na PE da Vila Militar do Rio serão tema de audiência pública da CNV - CNV - Comissão Nacional da Verdade
Portal do Governo Brasileiro

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

Banners rotativos Títulos dos banners apresentados
Quarta, 15 de Janeiro de 2014 às 18:59

Mortes na PE da Vila Militar do Rio serão tema de audiência pública da CNV

foto2Ex-agentes da repressão foram convocados para prestar esclarecimentos sobre mortes de Severino Viana Colou e Chael Charles Schreier, ocorridas em 1969

A Comissão Nacional da Verdade e a Comissão da Verdade do Rio de Janeiro realizam, por sugestão e com apoio da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça, no próximo dia 24 de janeiro, Audiência Pública sobre as mortes sob tortura do sargento da PM da Guanabara, Severino Viana Colou, e do estudante de medicina Chael Charles Schreier, ocorridas em maio e novembro de 1969, respectivamente, na companhia de Polícia do Exército da Vila Militar, no Rio de Janeiro.

Seis testemunhas prestarão depoimento, entre eles o professor Amílcar Baiardi, que militava na VAR-Palmares, a organização da qual participava o jornalista Antonio Roberto Espinosa, preso com Schreier e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, que suicidou-se no exílio, na Alemanha, em 1976, em virtude dos traumas decorrentes da tortura e dos abusos sexuais sofridos.

Também testemunharão, os ex-militantes da VAR-Palmares e prisioneiros na mesma época, o ex-deputado federal Luiz Antonio Medeiros, o cineasta Silvio Da-Rin, diretor do documentário "Hércules 56", o ex-militante político José Delce Ribeiro Façanha e o advogado e consultor Francisco Celso Calmon, articulador nacional da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça.

A Comissão Nacional da Verdade convocou agentes da repressão envolvidos com as mortes e torturas ocorridas na Vila Militar para prestarem depoimento na audiência. Uma vez notificados da convocação, os convocados são obrigados a comparecer. Caso não compareçam, poderão responder pelo crime de desobediência.

A audiência, que será presidida pela integrante da CNV Rosa Cardoso, será transmitida ao vivo pela internet pela CNV, no endereço: www.twitcasting.tv/CNV_Brasil

MORTE SOB TORTURA – Chael Charles Scheirer foi morto sob tortura no dia 22 de novembro de 1969 na Polícia do Exército da Vila Militar, onde foi interrogado sob tortura com seus companheiros Maria Auxiliadora e Espinosa. Os três haviam sido presos na véspera, após troca de tiros com agentes da repressão, que invadiram a casa que eles dividiam na rua Aquidabã, em Lins de Vasconcelos.

O corpo de Chael foi levado para o Hospital Central do Exército onde o general Galeno Penha Franco recusou-se a declará-lo morto no hospital, em decorrência de ferimentos, como pretendiam seus algozes, e mandou que fosse feita a autópsia. Laudo elaborado por três médicos, dois deles militares, constatou as lesões sofridas por Chael. Mesmo assim, o Exército anunciou na época que Chael morreu de ataque cardíaco em consequência de ferimentos sofridos na troca de tiros com os agentes.

Maria Auxiliadora Lara Barcellos e Antonio Espinosa foram os últimos a ver Chael com vida. Afirmaram em depoimento que ele tinha o pênis dilacerado e o corpo ensopado de sangue. Apontaram, em juízo, o nome dos torturadores e responsáveis pela morte do estudante de medicina. O jornalista Carlos Brickmann, primo-irmao de Chael Charles Schreier, participará da audiência como testemunha.

FALSO SUICÍDIO – Severino Viana Colou era um sargento da Polícia Militar da Guanabara que integrou o Comando de Libertação Nacional (Colina), participando de ações armadas no ano de 1968, com outros militantes como João Lucas Alves, também assassinado pelo regime.

Preso, foi levado para a PE da Vila Militar, onde, segundo a versão oficial do Exército à época dos fatos, foi encontrado morto na manhã de 24 de maio de 1969, "enforcado com a própria calça, amarrada em uma das barras da cela". Depoimentos de ex-presos políticos nas auditorias militares apontam que sua morte ocorreu sob tortura.

DILIGÊNCIA – A audiência de 24 de janeiro será precedida de uma diligência técnica para reconhecimento de local, que será realizada na antiga unidade da PE da Vila Militar de Deodoro, no dia 23 de janeiro. A unidade do Exército sofreu muitas alterações desde 1969, mas as vítimas desejam tentar reconhecer o local. A diligência será acompanhada pelos peritos da Comissão Nacional da Verdade.

 

SERVIÇO

Diligência de reconhecimento da Vila Militar do Rio
Quando: 23 de janeiro de 2014, quinta-feira
Horário: 13h

Audiência Pública sobre tortura e mortes na Polícia do Exército da Vila Militar
Quando: 24 de janeiro de 2014, sexta-feira
Horário: 10h
Local: Auditório do Arquivo Nacional
Endereço: Praça da República, 173, Centro, Rio de Janeiro
Local limitado a 150 pessoas. Inicio da distribuição de senhas: 9h15.

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Thiago Vilela
(61) 3313-7355 | O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.



Comissão Nacional da Verdade