Nota oficial sobre a morte do coronel Paulo Malhães - CNV - Comissão Nacional da Verdade
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A Comissão Nacional da Verdade (CNV), órgão temporário criado pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu Relatório Final. Esta cópia do portal da CNV é mantida pelo Centro de Referência Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional.

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Segunda, 18 de Maio de 2015 às 18:01

Nota oficial sobre a morte do coronel Paulo Malhães

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

Nota oficial sobre a morte do coronel Paulo Malhães

A morte do ex-agente do Centro de Informações do Exército e coronel reformado Paulo Malhães, no dia 24 do mês corrente, deve ser objeto da mais ampla e rigorosa investigação. O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, requereu desde logo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal acompanhasse o inquérito da Polícia Civil.

O coronel Paulo Malhães prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 25 de março. No testemunho, deu sua versão sobre operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas na Casa da Morte, em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir identificação. Os detalhes esmiuçados, o tom e a postura do depoente calaram fundo na consciência da opinião pública, sobretudo naquele momento quando o país rememorava o cinquentenário do golpe militar.

Agente do Centro de Informações do Exército e coronel do Exército brasileiro, Paulo Malhães simbolizava no desempenho de suas funções um dos arranjos de poder mais perversos na história desse país, onde o Estado agia de forma hedionda, fora dos parâmetros da moralidade comum e da lei.

Ainda há poucas semanas, ao nos pronunciarmos sobre os cinquenta anos do golpe militar, dizíamos que o Brasil que agora revê e reexamina a triste herança de 64 é um país renovado em sua população, fortalecido em sua economia e nas suas instituições democráticas, revivido em sua esperança. Inteiramente diverso. Essa é uma simples verdade que poderia ser dita pela grande maioria entre nós e nos permitiria continuar, revendo com honra o nosso passado, reparando as injustiças cometidas e construindo um futuro melhor.

Rio de Janeiro, 28 de abril de 2014



Comissão Nacional da Verdade